A história do carnaval
de Olinda se confunde com a história da folia no Recife, capital de Pernambuco.
A configuração atual do carnaval de Pernambuco é relativamente recente, que foi
marcado pelo surgimento de agremiações como o Clube Carnavalesco Misto
Lenhadores (1907), e o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas (1912) - ambos
ainda presentes nos carnavais da atualidade.
O carnaval de Olinda,
especificamente, preserva as tradições da folia pernambucana. Todos os anos,
pelas ruas e ladeiras da Cidade Alta desfilam centenas de agremiações
carnavalescas e tipos populares, que mantêm vivas as genuínas raízes da mais
popular festa do Brasil. São clubes de frevo, troças, blocos, maracatus,
caboclinhos, afoxés, cujas manifestações traduzem a mistura dos costumes e
tradições de brancos, negros e índios, base da formação da cultura brasileira.
Em 1977 o carnaval de
Olinda se tornou eminentemente popular. Nesse ano, foram abolidos da folia
olindense a comissão julgadora, a passarela e o palanque das autoridades,
elementos considerados cerceadores da plena participação popular, o que lhe
garantiu através do tempo o título de "Carnaval Participação". Hoje,
mais de um milhão de pessoas vindas de todo o mundo lotam as ruas e ladeiras do
Sítio Histórico da cidade em busca da efervescência e da alegria da festa. Uma
folia alimentada por cerca de 500 agremiações carnavalescas locais e de outros
municípios pernambucanos.
Em
Olinda a festa do frevo é eminentemente democrática e popular, características
que se evidenciam na convivência harmoniosa do frevo com outras manifestações
culturais da cidade, como o maracatu. Uma festa que, a cada ano, se torna ainda
mais participativa graças à disposição do governo de Olinda de resgatar as
características culturais e ampliar a integração popular de uma das maiores
manifestações coletivas do Brasil.
Dentre
os elementos característicos da folia olindense estão os bonecos gigantes, dos
quais todo ano são criados novos tipos, e hoje já são mais de uma centena
desfilando nas ruas e ladeiras da cidade. Esses bonecos são uma herança
europeia e têm sua origem nas procissões do século 15, nas quais os bonecos
acompanhavam os cortejos religiosos. O primeiro boneco a sair às ruas de Olinda
foi o Homem da Meia-Noite, que anima a folia desde 1932. Os tipos populares
também sempre desfilam pelas ladeiras de Olinda. A cada ano, eles representam
personagens inspirados tanto nos noticiários, como nos mais tradicionais
costumes, carregando em suas fantasias a crítica social tradicionalmente
presentes no carnaval da cidade.
O
carnaval é aberto a todos; não existe cobrança de ingressos ou necessidade de
abadás. Desde cedo, crianças são trazidas pelos pais para participar da festa;
de outro lado, pessoas da terceira idade retornam à juventude e também caem na
folia. Em Olinda, os festejos são protagonizados pelo povo. Não existem
sambódromos na cidade: todas as ruas são tomadas pelo povo. Não há trios
elétricos em Olinda: a animação e o ritmo são mantidos pelos populares, que
formam grupos de todos os matizes, com variados instrumentos e tocando as
músicas que desejarem. Não há programação no carnaval de Olinda: há apenas um
dia para começar e outro para terminar; há blocos que ficam até tarde da noite,
outros que saem no começo da manhã. Considerado o maior bloco do mundo, o Galo da Madrugada arrasta 1,5 milhão
de pessoas para o centro do Recife.
Bloco
Bacalhau do Batata:
é um bloco de carnaval que sai pelas ladeiras de Olinda arrastando uma multidão de foliões
na quarta-feira de cinzas.O bloco, cujo estandarte é um bacalhau, juntamente com outros ingredientes culinários, foi
criado por um garçom, chamado Batata, que trabalhava durante todo o carnaval e
não podia brincar devido o emprego e por isso criou o bloco para sair na
quarta-feira de cinzas.
A tradição do Bacalhau
do Batata teve origem ainda em 1962, quando o garçom Isaías Pereira da
Silva (falecido em 11993),
e apelidado como Batata,
organizou na quarta-feira de cinzas, um bloco
carnavalesco destinado àqueles que, por trabalharem durante o período de
festas momescas, deixavam de brincar o Carnaval.
A saída do bloco está
prevista para as 9h30. O percurso do desfile segue a tradição: ladeira da Sé,
Rua do Bonfim, Quatro Cantos, Ribeira, Varadouro, Largo do Amparo, com o
retorno sendo feito no bairro do Carmo. A festa fica por conta com umas das
melhores orquestra de frevo de olinda e a presença ilustre do boneco gigante
que representa o falecido Batata, garçon que idealizou o bloco. Com o passar
dos anos, mais blocos e foliões foram aderindo e o carnaval, oficialmente
encerrando-se na madrugada da terça para a quarta-feira, acabou sendo
estendido.
Em 2007 a Escola
de samba Imperatriz Leopoldinense, do Rio de Janeiro, homeageou com uma ala o
Bacalhau do Batata, com referência ainda no seu samba-enredo:
"E o Bacalhau do Batata na bandeja pra massa / Até o dia clarear..."
O garçom Isaías foi destaque, representado por Irênio Dias. Ao todo, catorze
fantasias diferentes representaram o bloco pernambucano, sendo que a Ala
dos Compositores da Escola desfilou vestida de garçom.
Bloco Enquato Isso na
Sala da Justiça
Bloco A Porta
Bloco Acorda
Bloco Elefantes:
O hino do Elefante de
Olinda é um dos mais tocados no Carnaval de Pernambuco. Quando a música toca,
parece que todos os foliões despertam numa alegria sem fim. Considerado uma das
troças mais tradicionais de Olinda, o hino do bloco tem uma história curiosa. A
canção, na realidade chama-se "Olinda nº,1" e por não possuir a
palavra elefante, em sua versão original, foi pouco aceita pelos fundadores do
bloco. Logo em seguida, o compositor, Cláudio Nigro ofereceu à troça rival: A
pitombeira dos Quatro Cantos. Porém o bloco também rejeitou a canção. Após três
anos sem ninguém querer a música, Clóvis Vieira, junto a Cláudio, colocou a
palavra elefante no hino. Depois disso a música nasceu e é praticamente o hino
da cidade de Olinda.
Hino:
Ao som dos clarins de
Momo o povo aclama com todo ardor,
O Elefante exaltando as suas tradições, e também seu
esplendor.
Olinda, este meu canto foi inspirado em teu louvor,
Entre confetes, serpentinas venho te oferecer com alegria o
meu amor.
Olinda, quero cantar a ti esta canção, teus coqueirais, o teu
sol, o teu mar,
Faz vibrar meu coração de amor a sonhar, minha Olinda sem
igual,
Salve o teu Carnaval!
O Bloco da Vitória está na rua desde que o dia raiou
Vem ó minha gente, prô o nosso cordão
Que a hora da virada chegou ! Ô... Ô ... Ô ... Ô...
Quando o povo decide cair na frevança não há quem dê
jeito
Aguenta o rojão, ficar sem comer
Mas, no fim. Ei ! Tá tudo ok !
Neste Carnaval, Quá! Quá! Quá! Quá!
O prazer é gargalhar e com bate-bate de maracujá
A nossa vitória, vamos festejar
Nós somos da Pitombeira não brincamos muito mal,
Se a turma não saísse não havia carnaval
Se a turma não saísse não havia carnaval
Bate-bate com doce, Eu também quero, Eu também quero, Eu
também quero.
Bate-bate com doce, Eu também quero, Eu também quero, Eu
também quero.
Bate-bate com doce, Eu também quero, Eu também quero, Eu
também quero.
Bate-bate com doce, Eu também quero, Eu também quero, Eu
também quero.
A Turma da Pitombeira na cachaça é a maior,
Se o doce é sem igual como ponche é ideal
Se a turma não saísse não havia carnaval.
Bate-bate com doce, Eu também quero, Eu também quero, Eu
também quero.
Bate-bate com doce, Eu também quero, Eu também quero, Eu
também quero.
Bate-bate com doce, Eu também quero, Eu também quero, Eu
também quero.
Fique por dentro do
que acontece nos 4 dias do Carnaval de Olinda:
Não são apenas os
tradicionais bonecos que vão fazer a festa no Carnaval de Olinda neste ano. Um
dos mais antigos, o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas, por exemplo, chegou
ao seu centenário na Terça-feira (2012) Gorda. Já o clube do Elefante alcança
aos 60 anos, enquanto a troça Ceroula se torna uma cinquentona.
Outra grande atração
do Carnaval local é famoso desfile do Homem da Meia Noite, que completa oito
décadas de existência e foi responsável por iniciar a tradição dos bonecos nas
ruas da cidade. Por esse motivo, além do tradicional desfile realizado no
sábado, o grupo também se apresentará na segunda-feira, desta vez com carros
alegóricos, fato que não ocorria desde 1972. Os veículos contarão ainda com a
participação de dez artistas circenses da Escola Pernambucana de Circo, indo
desde malabaristas até acrobatas.
A terça-feira também
marca o desfile dos Bonecos Gigantes, marca registrada da folia olindense.
Serão nada menos do que 150 deles, que devem arrastar uma verdadeira multidão
pelas ruas da cidade pernambucana. Durante todos os dias de festa, cerca de 800
agremiações passarão pelas ladeiras da cidade. Soma-se a isso mais de 200
orquestras itinerantes e 50 cortejos noturnos, que vão às ruas sempre após as
19h.
Para espalhar o clima
de festa por todo o município, a prefeitura organizou ainda 15 polos de animação,
agitando os foliões que estarão mais distantes da área central.