A cena nem parece se passar no caos de uma metrópole. Jacarés com quase três metros de comprimento são flagrados nadando tranquilamente nas águas do Rio Capibaribe, no Recife. Apesar da poluição do rio, o principal da cidade, e da agitação da capital pernambucana, os animais mantêm a calma. Remadores que treinam no Capibaribe e moradores das margens, ao contrário, ficam cada vez mais assustados.
O internauta Bruno Braga publicou nessa segunda-feira (27) no YouTube um vídeo gravado no domingo (26) mostrando um jacaré no rio que ilustra cartões postais da Veneza Brasileira. No Recife, as espécies mais comuns são de papo amarelo e coroa. Ambas correm risco de extinção.
Movendo-se devagar, o jacaré pode parecer fazer parte de um filme de terror. Mas, de acordo com a professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Jozélia Correia, a presença desses animais é comum em grandes cidades. Dessa forma, não há motivo para pânico.
Os jacarés são animais carnívoros, porém, segundo a professora, não costumam sair para caçar. A presa só é capturada quando cruza o caminho do animal. Quando filhotes, se alimentam de invertebrados e caramujos, por exemplo. Já na fase adulta, a dieta passa a ser composta de animais de maior porte, como roedores, aves e peixes. Segundo Jozélia Correia, devido a essa alimentação, o jacaré é importante para o equilíbrio ecológico. "Eles prestam um serviço a nós, humanos, quando comem ratos e caramujos que podem servir de vetores para doenças como a esquistossomose", explica.
"As pessoas têm que entender que o normal é que os jacarés estejam no rio e que não querem atacar ninguém. Foram os humanos que invadiram o ambiente deles", explica o capitão do Corpo de Bombeiros Emerson Dias. Este mês, a corporação capturou cinco animais fora do rio na Região Metropolitana, dos quais três foram no Recife, um em Paulista e um em Jaboatão dos Guararapes. Esse número está dentro da média de registros dos Bombeiros, com média de cinco a sete animais por mês. Os picos de notificações acontecem nos meses mais chuvosos, entre março e agosto.
Um dos motivos para que os remadores estejam vendo mais jacarés no Rio Capibaribe pode ser justamente a chuva. "Esses animais costumam viver onde há brejos, pântanos e açudes. Como no período chuvoso a ligação dessas áreas com os cursos de água maiores aumenta, o acesso do jacaré é facilitado", explica Jozélia Correia.
Segundo a professora, os jacarés também poderiam estar procurando novas áreas para a reprodução, que acontece em outubro. Entretanto apenas um estudo detalhado dos animais capturados poderia provar esta hipótese. Jozélia Correia lembra que os jacarés de papo amarelo, mais comuns no Recife, são facilmente adaptáveis ao ambiente urbano, geralmente mais poluído.
Dois jacarés foram encontrados nas universidades federais que ficam no Recife. Ambos foram resgatados pelos bombeiros e entregues ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que os devolveu à natureza. Se o animal não estiver em boas condições, recebe tratamento no Ibama até poder retornar ao ambiente.
No caso de um jacaré entrar em casas ou em vias urbanas, os órgãos responsáveis devem ser acionados. A notificação deve ser registrada junto à Brigada Ambiental do Recife, através do telefone (81) 3355.6959; ao Cipoma, através do telefone (81) 3181.1700 ou diretamente com o Cetas, no contato (81) 3201.3864. O capitão Dias alerta que matar animais silvestres, como os jacarés, é crime.
Fonte: http://ne10.uol.com.br/canal/cotidiano/ciencia-e-vida/noticia/2012/08/28/presenca-de-jacares-no-rio-capibaribe-e-devido-as-chuvas-364443.php
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