Quem foi:
João Maurício de Nassau-Siegen (em neerlandês: Johan Maurits van Nassau-Siegen; em alemão: Johann Moritz von Nassau-Siegen; Dillenburg, 17 de junho de 1604 – Cleves, 20 de dezembro de 1679), cognominado "o Brasileiro", foi conde e (após 1674) príncipe de Nassau-Siegen, um Estado do Sacro Império Romano-Germânico e mais tarde da Confederação Germânica, localizado nas cercanias das cidades de Wiesbaden e Coblença.
Filho do conde João VII de Nassau, casado em segundas núpcias com Margarida de Holstein, princesa de Holstein-Sonderburg, filha do duque de Schleswig-Holstein e de uma princesa da dinastia de Brunswick, João Maurício foi o décimo-terceiro filho de seu pai, mas o primogênito do segundo casamento.
O que fez:
Fez parte da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (WIC), e foi convidado a administrar os domínios por ela conquistados na região Nordeste do Brasil (1636), percebendo uma ajuda de custo de 6.000 florins (equipamento) e salário mensal de 1.500 florins (que C. R. Boxer classifica como principesco), o soldo de Coronel do Exército, além de uma participação de 2% sobre os lucros.1 Corriam ainda por conta da WIC suas despesas de mesa e criadagem (trouxe dezoito criados), os salários do predicante Francisco Plante, de seu médico Guilherme van Milaenen, e de seu secretário Tolner.
Nassau prestou juramento perante os XIX em 4 de agosto de 1636 comprometendo-se pelo prazo de cinco anos a ser o Governador, Almirante e Capitão-General dos domínios conquistados e por conquistar pela Companhia das Índias Ocidentais no Brasil.
Começariam no embarque alguns dos motivos de sua frustração: em vez da armada prometida de trinta e duas velas e sete mil homens de armas, a WIC lhe entregou apenas doze navios com dois mil e setecentos homens.
A armada partiu do porto de Texel (25 de outubro de 1636), chegando ao Recife (23 de janeiro de 1637).
Estabeleceu relações amistosas entre neerlandeses, comerciantes e latifundiários.1 Estes restauraram seus engenhos com empréstimos concedidos pela WIC, utilizados também na venda a crédito dos engenhos abandonados, visando restabelecer a produção de açúcar. Nassau incrementou no Nordeste a economia açucareira, introduziu métodos aperfeiçoados de cultivo da cana-de-açúcar e do fumo.
Apesar de calvinista, permitiu a liberdade de culto entre holandeses, franceses, italianos, belgas, alemães, flamengos e judeus, que oriundos da Península Ibérica e do norte europeu, foram atraídos para a Nova Holanda por clima de tolerância religiosa que não havia na Europa. Neste período foi fundada uma sinagoga no Recife, considerada a primeira das Américas.
Decidido a transformar o Recife em uma moderna capital, determinou o projeto da cidade Maurícia (Mauritsstad), responsável pelos atuais traçados urbanísticos dos bairros de Santo Antônio e São José, onde drenou terrenos, construiu canais, diques, pontes, palácios (Palácio de Friburgo e Palácio da Boa Vista), jardins (botânico e zoológico),1 um museu natural e um observatório astronômico. Organizou serviços públicos essenciais como o de bombeiros e de coleta de lixo.
Consolidação da Conquista:
Assim que chegou ao Brasil, Nassau passou imediatamente à ofensiva contra a tropa hispano-luso-brasileira aquartelada em Porto Calvo, Alagoas, comandada pelo conde de Bagnoli, oficial napolitano, que comandando cerca de quatro mil homens, preferiu retirar-se. Nassau em seu encalço marchou para o rio São Francisco, desceu em terra em Jaraguá, cavalgou pela costa até Penedo.2 Ali se demorou dois meses, na construção de uma fortaleza a que deu seu nome, encetou relações com os Tapuias, e assentou no grande rio o limite meridional do Brasil holandês. Regressou ao Recife no início do Inverno e se dedicou à tarefa imensa de recompor a administração civil e militar e ao complexo problema do abastecimento da conquista.
Ainda em 1637 implantou uma reforma administrativa e começou a tratar da tarefa de reativação do sistema açucareiro pois a quase totalidade dos 150 engenhos do Brasil holandês estava destruída pela guerra, 15 mil habitantes tinham fugido, dos quais 1/3 eram escravos. A WIC não via com bons olhos a confirmação dos direitos dos luso-brasileiros, mas Nassau percebeu que sem eles, e sem o que chamava a classe média rural (lavradores de cana, mestres-de-açúcar, feitores, artesãos, lavradores de víveres) não seria possível recompôr a indústria. Entre 1637 e 1638 mandou leiloar os engenhos dos proprietários ausentes ao preço médio de 30 a 40 mil florins. Com isso arrecadou 2 milhões de florins. Os compradores foram sobretudo judeus, neerlandeses e luso-brasileiros, mas no decorrer dos meses os dois primeiros terminariam revendendo as propriedades aos terceiros - como no caso de João Fernandes Vieira, por exemplo.
A oferta de crédito ainda dependia da definição do regime de comércio a ser adotado no Brasil holandês. A intervenção de Nassau, com a influência de Amsterdã e dos Estados da Holanda, foi decisiva para que os Estados Gerais ratificassem em abril de 1638 (contra as pretensões da WIC) a política de livre-comércio adotada há quatro anos. Pois a Holanda era verdadeiramente a pátria do livre-comércio e a comunidade mercantil de Amsterdã não hesitaria em devolver o Nordeste do Brasil a Portugal só para ter o direito de comerciar nas colônias hispano-portuguesas. Nassau estava convencido de que o monopólio desejado pela WIC seria a perda do Brasil holandês, pois a fase era de escassez de açúcar e de preços crescentes, além de que daria estímulo à imigração de colonos neerlandeses, desencadeando um círculo virtuoso na economia.1 E, favorável também a uma oferta abundante de escravos africanos, em 1637 enviou o coronel Hans Koin, à testa de uma expedição naval que conquistou o Forte de São Jorge da Mina, na África (28 de agosto). A possessão portuguesa da Mina foi colocada sob o controle de Recife, mas sua conquista não correspondeu às expectativas econômicas neerlandesas, já que o desempenho do escravo da Guiné era reputado pelos portugueses como inferior ao dos de Angola.
Logo Nassau foi obrigado a se defender da tropa de Bagnoli em Sergipe, perdendo a ilusão de que o rio São Francisco ofereceria proteção natural ao Brasil holandês. Ficou claro que, enquanto Recife permanecesse em mãos neerlandesas e a Bahia em mãos portuguesas, nenhum dos dois lados poderia se sentir verdadeiramente seguro.
Para assegurar o setor norte das suas possessões, Nassau fez, em 1638, viagem à Paraíba e ao Rio Grande do Norte, examinando as suas fortificações e fortalecendo a sua aliança com os Tapuias, inabalavelmente hostis aos luso-brasileiros. Fortaleza se rendera desde dezembro de 1637. Voltando ao Recife, Nassau recebeu a notícia da poderosa armada hispano-lusitana que se aprestava em Lisboa e Cádiz com destino ao Brasil. Filipe IV e o conde de Olivares haviam finalmente decidido lançar uma ofensiva dupla, afinal a última dos Áustria madrilenhos: uma armada chefiada por D. Antônio de Oquendo tentaria reabrir as comunicações marítimas com o norte da Europa e outra armada, chefiada por D. Fernando Martins de Mascarenhas, o conde da Torre, deveria restaurar o domínio lusitano no Nordeste. Nassau tomou assim a arriscada decisão de se antecipar e conquistar a Bahia.
Lutando pela Bahia:
Nassau organizou as guardas cívicas do Recife, da Paraíba e de Itamaracá para reforçar a tropa que deixava e partiu em 8 de abril na chefia de uma frota naval de 36 unidades com 3600 europeus e mil índios.2 Começou o assalto a Salvador em 16 de abril, desembarcando em Água dos Meninos e obtendo a rendição dos fortes de Santo Alberto, São Filipe e São Bartolomeu. Mas como Bagnuolo e o Governador-Geral haviam superado as suas divergências, o exército de Pernambuco e a guarnição local estavam unidos contra o invasor e o avanço neerlandês foi detido. Só na noite de 17 para 18 de maio o invasor perdeu 300 homens.
Os navios do almirante Lichthart saquearam os engenhos do Recôncavo sem conseguir impedir a entrada de reabastecimento. Nassau retirou-se, convencido de que caso a vitória fosse alcançada nas circunstâncias existentes, só "faria ricos os soldados e pobre a Companhia", evacuando sua tropa de modo tão eficiente que os sitiados só iriam perceber na manhã seguinte que estavam livres.
Perante o Conselho dos XIX, Nassau defendeu-se atacando: era impossível expandir os domínios da WIC por meio de um exército desfalcado por doenças tropicais, perdas em combate e expiração do prazo trienal de recrutamento. Dos soldados prometidos em 1636, a Companhia ainda lhe devia 1200. Não era melhor a situação da esquadra, que reclamava 18 grandes naus. Nassau solicitou mais 3600 soldados, para perfazer os 7 mil que considerava necessários, total de que jamais disporia. A Companhia já se encontrava no círculo vicioso de que, para retomar a ofensiva, era preciso dinheiro mas os acionistas só compareceriam quando houvesse êxitos militares no Brasil.
Os historiadores costumam datar do episódio baiano o início das graves dificuldades de Nassau com a Companhia. Mas como a falhada expedição fora rentável, pela pilhagem do Recôncavo e pelo apresamento de boa quantidade de escravos revendidos no Recife, Nassau decidiu renovar a ofensiva para evitar que o Governador-Geral português começasse represálias contra o interior pernambucano, prejudicando a safra de 1638-1639, que se previa ser abundante.
A armada hispano-lusitana e os reforços neerlandeses:
Em 10 de janeiro de 1639 apareceram as velas da armada que zarpara de Lisboa a 8 de setembro de 1638 e se reunira em Cabo Verde a outra armada, castelhana. Teriam de 8 a 9 mil homens. O conde da Torre veio a Recife apenas numa demonstração de força até o meio dia, seguindo então viagem para Salvador, sempre à vista do litoral. Nos meses seguintes os informantes de Nassau lhe contaram das penosas circunstâncias materiais e morais da armada, das más relações de Torre com o governador, que o acusava de covardia por não ter atacado imediatamente o Brasil holandês.
Em março Nassau recebeu reforços: 1200 soldados e sete navios, enviados sob o comando do coronel polonês Crestofle d'Artischau Arciszewski, nomeado general, que era veterano da guerra no Nordeste e cheio de experiência brasileira, ao contrário de Nassau - que o vencera entretanto na disputa pelo lugar de comandante do Brasil holandês. Em julho, graças à interceptação de uma carta do conde da Torre, Nassau teve o quadro preciso da força do inimigo: 46 navios, dos quais 26 galeões, com 5 mil homens. A armada tinha instruções para permanecer dois anos no litoral brasileiro.
Em novembro de 1639 a armada seguiu para Pernambuco, seguida por terra por soldados da tropa do conde de Bagnoli, chefiados pelos três veteranos André Vidal de Negreiros, Antônio Filipe Camarão e Henrique Dias que se ilustrariam mais tarde na Guerra da Restauração, uma vez partido Nassau. Eram 87 navios, com 5 mil soldados, fora a tripulação, e 12 peças de artilharia.2 Nassau optou por se defender por mar. Para compensar a inferioridade dos meios, se absteria de abordar os navios inimigos e os poria a pique - o que era péssimo, financeiramente, para a WIC. Tinha 41 navios, 2800 homens embarcados, postados ao largo de Olinda. Os navios se deram caça de Alagoas à Paraíba, em uma série de quatro batalhas navais entre Itamaracá e Rio Grande. no dia 13 de janeiro de 1640, diante de Ponta das Pedras; no dia 14, na altura da cidade de Paraíba; dia 17, ao largo de Cunhaú, hoje praia de Pipa. Houve poucas baixas. Cada uma teve resultados indecisos mas seu somatório seria favorável aos neerlandeses pois a armada não pode desembarcar e se dispersou, afinal. O conde da Torre desembarcou na baía de Touros uma tropa de 1200 soldados, comandados por Luís Barbalho Bezerra, que regressou à Bahia pelo interior do Brasil holandês em marcha heroica de mais de 400 léguas.
Em seu relato à Companhia, Nassau atribui o fracasso luso-espanhol à escolha de um comandante ineficaz para comandar força tão poderosa, devido à praxe de nomear aristocratas inexperientes, como Torre, no pressuposto que sua nobreza era mais apta a garantir a disciplina; outro motivo fora a mortandade que atacara a armada em Cabo Verde, obrigando-a a escala em Salvador; e a ação dos ventos, que haviam desfavorecido sempre o inimigo.
A Restauração da Independência e as suas consequências:
Nassau soube por via da Inglaterra que em Lisboa, em 1 de dezembro, um complô aristocrático liquidara 60 anos de domínio espanhol e alçara o duque de Bragança ao trono como João IV de Portugal. A adesão da Bahia modificou completamente a guerra, e disso se soube no Recife por carta que ali chegou em 14 de março de 1641, pois Portugal e os Países Baixos eram, potencialmente, aliados contra a Espanha.
Paralelamente, Nassau e o marquês de Montalvão prosseguiram entendimentos secretos. Mas tais gestões não o impediram de expandir os domínios da Companhia e, consciente da iminência de um tratado entre Amsterdã e Lisboa, apressou-se a tirar partido do intervalo que transcorreria. Desde o fevereiro anterior debatera com o Conselho Supremo a ocupação da ilha de São Tomé.
Ordenou a ocupação de Sergipe, para garantir suprimento de gado. Hesitou entre atacar São Luís ou o Grão-Pará. Em abril de 1640, recebeu ordens para agir contra a Bahia e Sergipe, antes da ratificação do tratado luso-neerlandês.
Em maio, decidiu-se por uma expedição contra Luanda.2 Entregou o comando ao almirante Jol e ao coronel Henderson, à frente de uma esquadra enorme, das maiores que a Companhia armou em 18 anos de sua existência. Nassau achava que nenhuma iniciativa poderia ser tão proveitosa quanto a conquista de Angola, nem desferir tamanho golpe contra a Espanha. De Angola se exportavam anualmente 15 mil escravos, dos quais 10 mil para as minas e fazendas da América Espanhola e cinco mil para o Brasil — o tráfico era avaliado em 6 milhões de florins, dos quais 1 milhão apenas em impostos. Senhora de Angola, a VOC arruinaria a produção espanhola de prata, base do poderio espanhol na Europa, e a produção portuguesa de açúcar, fazendo com que a Bahia caísse depois. A esquadra tomou Luanda em dezembro de 1641, mas não atacou Massangano (onde se refugiara a guarnição e população portuguesa), conquistando a seguir Benguela e São Tomé, e Axim, na costa da Guiné. Dizem os cronistas que a única resistência foi a do clima, ao qual Jol sucumbiu.
Nassau não conseguiu unificar, subordinando-o a seu comando, um governo unificado em Angola para as possessões africanas, pois os XIX preferiram criar um Distrito Meridional da Costa Africana com capital em Luanda, englobando Angola e São Tomé, sob alegação de que Portugal sempre mantivera separadas suas possessões brasileiras e africanas, para preservar os lucros do tráfico negreiro na metrópole.
Em novembro de 1640, a força naval comandada por Lichthart e Koin tomou a ilha de São Luís, no Maranhão.
Tratado de trégua de dez anos com Portugal:
Em junho de 1641 o embaixador Tristão de Mendonça Furtado assinou com o governo neerlandês um tratado de trégua por 10 anos, com oposição das duas Companhias comerciais. Em Lisboa, indignada com a perda de Angola, Sergipe e Maranhão, exigia-se o recurso às armas para vingar a traição do novo aliado. Cortesãos e altos funcionários começaram a organizar um levante luso-brasileiro no Brasil holandês que, entretanto, só se concretizou em junho de 1645, quando Nassau já havia deixado o Brasil.
Montalvão, reabilitado por D. João IV, obtivera a presidência do Conselho Ultramarino e retomou os contactos com Nassau. Ofereceram-lhe inclusive, para afastá-lo, um comando no Exército português. Nassau foi, aos poucos, entretendo Montalvão, para buscar os maiores benefícios para os neerlandeses. O Brasil holandês começou a desandar em 1642, como observa Evaldo Cabral de Mello em sua obra.
A queda no preço dos diversos tipos de açúcar tivera início em 1638. Na safra de 1641-1642 as enchentes prejudicaram os canaviais, e a escravaria foi atacada por uma praga de "bexigas" vinda de Angola. A queda dos preços do açúcar refletiu-se no valor do preço dos imóveis em Recife, que se reduziu de 1/3. A receita fiscal da WIC caiu na mesma proporção. Em quatro anos, o tráfego marítimo com a metrópole se reduziu de 56 para 14 embarcações anuais. Senhores de engenho e lavradores de cana deviam à WIC 5,7 milhões de florins. Em junho de 1644, enquanto Nassau retornava para a Europa, registravam-se falências em Amsterdã. A escassez de moeda pressionava a taxa de juros que aumentava, provocando mais falências. A ferocidade da Companhia não era menor que a do comércio particular e dos arrecadadores de impostos. Desde fins de 1641, Nassau deve ter percebido que a independência de Portugal poderia vir a ser um mau negócio para o Brasil holandês.
Apreciação:
Administrador eficiente e conciliatório, sob sua gestão (1637-1644) o domínio neerlandês no Brasil atingiu o auge. Consolidada a ocupação militar de Pernambuco, expandiu a conquista com a anexação do litoral das Capitanias do Ceará, Sergipe e Maranhão, mas fracassou na tentativa de conquistar a Bahia (1639) sobretudo por falta de meios.
Diz Evaldo Cabral de Mello: "A política de conciliação que adotou e sua peça fundamental, a tolerância da religião católica, eram certamente um imperativo da dependência em que se achava a produção de açúcar em relação aos senhores de engenho, lavradores de cana e artesãos da nação portuguesa. Mas não se deve afirmar grosseiramente que a atitude de Nassau e das autoridades batavas decorresse apenas das exigências do sistema produtivo. A liberdade de consciência era doutrina oficial da República dos Países Baixos e assim foi proclamada na sua carta fundamental, a União de Utrecht (1579). (…) Sua atitude para com a comunidade judaica, porém, foi menos benevolente."
Após sete anos, mesmo tendo desenvolvido uma política conciliadora e tolerante, não conseguiu impedir contradições insolúveis. Divergências entre sua forma de governar e os lucros esperados pela WIC levaram-no a deixar o cargo e retornar à Europa em 23 de maio de 1644.
O seu governo está associado ao planejamento urbano do Recife, que o historiador da Arte estadunidense Robert Chester Smith iria considerar "a primeira cidade digna desse nome na América portuguesa", (…) caracterizada pela liberdade de circulação por meio de pontes e de ruas pavimentadas e traçadas geometricamente, mercados e praças bem plantadas. A descrição da vida em Recife nos tempos de Nassau foi feita por cronistas neerlandeses e por frei Manuel Calado que vivia em Alagoas em seu engenho com 25 escravos mas foi chamado por Nassau ao Recife, onde se ligou especialmente a João Fernandes Vieira.
Seus êxitos inegáveis foram a defesa do Brasil holandês contra o ataque da armada luso-espanhola em 1640 e a conquista de Angola, São Tomé e do Maranhão em 1641, graças ao poder naval.
Para o historiador Charles Boxer foi sobretudo um "administrador de primeira categoria".
O retorno à Europa:
Desde abril de 1642, o Conselho dos XIX o havia dispensado, com ordens de regressar na primavera de 1643. Com o envio das expedições a Angola e Maranhão e a próxima ratificação do tratado luso-neerlandês, o seu papel no Brasil passou a ser visto como desnecessário.2 Em setembro, porém, não deixou de manifestar aos Estados Gerais o seu ressentimento com a direção da Companhia. Nassau projetava um ataque a Buenos Aires - escoadouro ilegal da prata peruana com destino ao Rio de Janeiro e a Luanda, e porta de entrada de escravos destinados ao Peru - enquanto que, sem consultá-lo, a Companhia decidiu enviar uma expedição para atacar o Chile, sob o comando do almirante Hendrick Brouwer, que chegou a Recife e, no decurso de 1643, ocupou Chiloé e Valdivia.
Nassau também previa uma iminente insurreição luso-brasileira, em carta aos Estados-Gerais. Em Salvador, já se instalara como governador-geral Antônio Teles da Silva, encarregado de fomentar tal insurreição, e havia regressado do Reino André Vidal de Negreiros, que articularia a insurreição no terreno. Havia levantes em São Tomé e no Maranhão, e Bengo, em Angola, foi saqueada.
Em 30 de setembro de 1643 Nassau recebeu a carta de dispensa dos Estados Gerais, com a promessa de o designar para importantes funções na Europa. Partiu numa esquadra de treze naus que transportava carga avaliada em 2,6 milhões de florins. A sua bagagem pessoal ocupava duas naus: nela seguiam as suas coleções, barris de conchas e seixos, botijas de farinha de mandioca, dentes de elefante, toras de jacarandá, pranchas de pau-santo, de pau-violeta, trinta cavalos pernambucanos, cem barriletes de frutas confeitadas, inclusive abacaxi. Fez quarenta anos a bordo e, em julho de 1644, desembarcou no porto de Texel.
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Maur%C3%ADcio_de_Nassau
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