terça-feira, 12 de novembro de 2024

A Revolução da Jornada 6x1: O Que Está em Jogo para Trabalhadores e Empresas

Aproveitando o texto anterior, vamos continuar a falar sobre o assunto que está em alta atualmente no Brasil, a jornada 6x1. Agora falaremos sobre as vantagens, desvantagens e como tentar resolver os impasses.



Vantagens para os Trabalhadores na Redução da Jornada de Trabalho

A redução da jornada de trabalho, de 44 horas semanais para 40 horas ou até menos, acabando com a atual jornada 6x1, oferece uma série de vantagens significativas para os trabalhadores. Uma das principais vantagens é o aumento do bem-estar e da qualidade de vida. Com mais tempo livre, os trabalhadores podem dedicar-se a atividades pessoais, familiares e de lazer, promovendo um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Além disso, jornadas de trabalho mais curtas estão associadas a menores níveis de estresse e cansaço, o que pode resultar em uma força de trabalho mais saudável e motivada.

A redução da carga horária também pode aumentar a produtividade individual. Estudos indicam que trabalhadores menos exaustos tendem a ser mais eficientes e a cometer menos erros. Com mais tempo para descanso e recuperação, os funcionários podem retornar ao trabalho com mais energia e foco. Ademais, jornadas mais curtas podem contribuir para a retenção de talentos, pois muitos profissionais preferem trabalhar em empresas que valorizam a qualidade de vida.
Alguns países nórdicos vêm reduzindo a carga horária dos seus trabalhadores, ganhando produtividade e melhorando a qualidade de vida dos seus cidadãos. Não é à toa que alguns dos países com maiores taxas de felicidade estão por lá.

Desvantagens para as Empresas Brasileiras

Apesar das vantagens para os trabalhadores, a redução da jornada de trabalho pode trazer desafios significativos para as empresas brasileiras. Um dos principais impactos seria o aumento dos custos operacionais. Para manter a mesma produtividade com menos horas de trabalho, as empresas podem precisar contratar mais funcionários, o que acarreta custos adicionais com salários, benefícios e encargos trabalhistas. Em setores onde a mão de obra é uma parte substancial dos custos operacionais, essa mudança pode ser particularmente onerosa.

Além disso, muitas empresas possuem custos de 8% de FGTS, 27,8% de INSS/Previdência patronal, RAT e terceiros, além das férias e 13º salário. Todas essas incidências sobre a folha de pagamento trariam um custo extra enorme para as organizações. É importante lembrar que as empresas não vão absorver esses custos em seus lucros. Elas irão repassar esses valores para os consumidores, aumentando os preços de seus produtos e serviços.

Outra desvantagem potencial é a diminuição do tempo de funcionamento da organização, especialmente em indústrias que operam em turnos. Menos horas de trabalho podem significar menor capacidade de produção, o que pode afetar negativamente a competitividade e a lucratividade das empresas. Além disso, a necessidade de reestruturar turnos e horários pode gerar complexidades administrativas e operacionais. Se essas dificuldades forçarem as empresas a fechar, haverá mais desempregados no país.



E como resolver esses impasses?

Os políticos brasileiros precisarão entender como funciona o sistema tributário e trabalhista do país e os benefícios que essa mudança trará para a sociedade. Como transformar essa mudança teórica em prática, sem prejudicar o todo?

O maior problema é o custo que as empresas terão, o medo da diminuição da produtividade e o aumento dos preços, resultando em inflação.

Contrapartidas para Empresas

Para mitigar os impactos econômicos da redução da jornada de trabalho, o governo poderia adotar as seguintes medidas:

Redução de impostos sobre a folha de pagamento: Reduzir encargos como FGTS(de 8% para 6 ou 7%), INSS patronal e contribuições ao sistema S / Terceiros sendo reduzido, quem sabe, até a metade. O INSS patronal poderia cair para 10% e o Terceiros para cerca de 3% ou menos. Isso aliviaria os custos adicionais decorrentes da necessidade de contratar mais funcionários.

Incentivos à contratação: Oferecer incentivos fiscais para as empresas que contratarem mais funcionários. Isso ajudaria a manter o nível de emprego e a continuidade das operações com a mesma eficiência. Poderiam vim desde reduções de impostos como também flexibilização e desburocratização de algumas regras.

Incentivos à expansão do horário de funcionamento: Estimular as empresas a expandirem seus horários de funcionamento. Com mais funcionários disponíveis, as empresas podem operar por mais tempo, atendendo a um maior número de consumidores e aumentando o faturamento.
No Brasil se tem a cultura de parte do comércio funcionar das 08:00 as 18:00. Mas poderia haver um incentivo de aumentarmos esse horário para algo como 07:00 as 23:00, a depender do ramo da empresa. Ou se considerarmos uma carga horária de 6 horas diárias, em 2 turnos, a organização poderia funcionar 12 a 14 horas ao invés da média de 10.

Impactos Positivos

Mais emprego e renda: A contratação de novos funcionários aumentaria o nível de emprego e a renda disponível. Mais pessoas trabalhando significa mais poder de compra e, consequentemente, maior consumo.

Maior tempo livre para consumo: Com uma jornada de trabalho reduzida, os trabalhadores teriam mais tempo livre para lazer e consumo, o que pode impulsionar setores como entretenimento, turismo e serviços.

Aumento do faturamento das empresas: Com um horário de funcionamento expandido e mais consumidores, as empresas poderiam aumentar seu faturamento, o que ajudaria a equilibrar os custos adicionais.

Redução de preços controlada: Com as medidas de redução de impostos e incentivos, as empresas teriam menos necessidade de repassar os custos aos consumidores, ajudando a controlar a inflação.

Esse modelo pode criar um ciclo virtuoso, onde os benefícios são distribuídos entre trabalhadores, empresas e consumidores.
No entanto, é essencial que as políticas sejam bem planejadas e executadas para evitar desequilíbrios econômicos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário